terça-feira, 1 de setembro de 2015

COMO O DÉFICIT NO ORÇAMENTO PARA 2016 PODE AFETAR OS BRASILEIROS?

Estive hoje cedo na Rádio Itatiaia com os repórteres Katia Pereira e Eustáquio Ramos para tentar responder a esta e outras perguntas.

Primeiro vamos entender o rebuliço que deu após o governo entregar o orçamento com déficit para o congresso.

Pela primeira vez na história os ministro do planejamento e da fazenda entregaram um orçamento para o ano seguinte, já avisando que vão gastar mais do que a própria arrecadação. Este é o déficit primário, ou seja, a diferença entre o que se ganha e o que se gasta, sem considerar os juros da dívida.

O ganho disso é a discussão promovida em várias esferas políticas, a partir de uma espécie de transparência, com certa maquiagem. O governo tem errado nas estimativas, sendo sempre muito otimista e pouco realista. Ele tem elevado a perspectiva do PIB (0,2% para 2016) e reduzido a da inflação (5,4% para 2016). Como o anúncio foi de um rombo de R$30,5 bilhões para o próximo ano, podemos já supor que será ainda maior. Ele foi transparente, mas pelo histórico, ao tirar a maquiagem a coisa pode ficar feia.

Comparando com uma família, é como se ela ganhou pouco e gastou muito em 2014 e 2015 e já sabe que vai gastar mais em 2016. Com isso, só está só aumentando a dívida no cheque especial, que possui juros altíssimo. Brevemente o pagamento dos juros vai tirar dinheiro de outras verbas importantes como saúde, educação e segurança. O que uma dona de casa prudente estaria fazendo? Cortando gastos, mesmo com dor e tentando aumentar a renda. É o que esperamos do governo quanto aos gastos com custeio da máquina administrativa.

Alguns númeors interessantes: este ano o Brasil já pagou quase R$300 bilhões de juros. Somente em julho já foram R$60 bilhões. O Brasil tem gasto em média mais de 7%  do PIB com pagamento de juros da dívida e menos de 1% com o PAC. O déficit nominal deste ano passa dos 350 bilhões, que é o déficit primário acrescido dos juros.

Mas vamos à pergunta: como isso afeta a população?

Na verdade já está afetando, pois já estamos com um déficit desde o ano passado, ou seja, o governo já está gastando muito mais do que arrecada desde 2014 (R$32 bi em 2014 e R$50 bi em 2015). Como a conta não fecha, o governo entra no "cheque especial" com juros caro. Este comportamento de desequilíbrio passado, presente e já com previsão futura, demonstra incapacidade, gerando mais pressão e desconfiança no mercado. Sem os cortes devidos ou compromissos de ajustes na carne, podemos perder o grau de investimento, que é uma espécie de selo que as agências de risco atribuem, afirmando que compensa investir nas instituições de um país, apesar do risco.

Se perdermos o grau de investimento, haverá uma fuga de capitais do Brasil. Mas são estes recursos que financiam as atividades com juros bem baratos. Sem estes recursos as empresas e as famílias terão que pagar juros mais altos, o que poderá afugentar os investimentos e o consumo de bens duráveis, respectivamente. A consequência é a redução direta do emprego e da renda das famílias, pois as empresas vão reduzir a venda e, consequentemente, a produção. Terão receio de investir com um cenário pessimista ou instável.

Apesar do alarde, já estamos sofrendo bastante nestes últimos 12 meses, pois a inflação, juros e o desemprego elevaram-se a índices pouco desejáveis.

O que o brasileiro deverá fazer?

O que já está fazendo, cortando gastos aqui e ali para equilibrar as contas. Mas está difícil. Muitos itens necessários tiveram aumentos consideráveis, como energia, combustível, transporte, entre outros.

Então deve-se pensar em aumentar a renda com uma capacitação profissional, advindas de cursos de curta duração, graduação e pós-graduação. Também será interessante incluir algum integrante da família que não está trabalhando. Outra saída  é desenvolver uma atividade paralela como produzir e vender artesanatos, doces, prestação de algum serviço, todos voltados para alguma habilidade própria.

Enfim, se o governo não está fazendo o seu dever de casa, vai sobrar para nós. Então vamos nos preparar.













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